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terça-feira, 16 de agosto de 2011

A DEPENDÊNCIA É UMA DOENÇA OU UMA OPÇÃO?

Um filósofo muito importante afirmou certa vez: "o homem está condenado a ser livre." Ele quis dizer que o homem é naturalmente livre, mas essa liberdade o condena a tomar decisões, fazer escolhas, opções pelo resto da vida. Quanto mais escolhas fazemos e nos responsabilizamos por elas, mais livres seremos. Quando mais culpamos os outros por nossas escolhas erradas, menos autônomos e mais dependentes do outro ficamos.

Essa pergunta traz para perto a Filosofia e a Medicina e mostra como a dependência de drogas pode ser objeto dos mais variados campos do conhecimento.

Aqueles que decidem consumir uma droga estão fazendo uma opção, uma escolha. É claro que muitos fatores contribuíram para que tal escolha se desse (as angústias da vida, a simples curiosidade, a influência de amigos, a vontade de buscar um jeito novo de divertir...). Mas, a escolha, no final, foi da pessoa.

Continuar usando drogas também é uma opção, mas cada vez menos... Isso porque o organismo vai se adaptando à presença da droga. Vai havendo modificações no cérebro. Quando o indivíduo fica sem a droga, passa a se sentir muito mal, desconfortável, irritado, deprimido, ansioso. O dependente acha que o único alívio possível é a continuidade do consumo. Conforme a dependência vai se instalando, a pessoa passa a abrir mão de coisas que antes eram muito importantes para ela. É o momento em que aparecem as brigas e discussões com a família, a piora no desempenho escolar, a venda de objetos para comprar drogas. Tudo passa a girar em torno do consumo de drogas.
A partir desse ponto, o indivíduo não consegue mais ficar sem usar drogas. Não há mais OPÇÃO: o indivíduo não escolhe se vai usar drogas ou não. A doença lhe tirou essa liberdade. QUALQUER DOENÇA PSÍQUICA CONSISTE ACIMA DE TUDO NA PERDA DA LIBERDADE DE ESCOLHA. Portanto, a dependência não é uma opção. É uma condição patológica (uma doença) que tira a liberdade do indivíduo de optar!
Perceber a presença da doença e se responsabilizar pelo tratamento é o primeiro passo em direção à recuperação. É preciso escolher a mudança e buscar ajuda para efetiva-la. Não resolve olhar o passado para achar um culpado. Deve-se pensar no futuro! Não existem culpados pela situação. Mas pode haver pessoas comprometidas com o processo de cura (o próprio dependente, sua família, os amigos, os profissionais da saúde). Afinal, se temos que estar condenados a alguma coisa nesse mundo, que seja apenas à liberdade!

Fonte: Site Álcool e Drogas sem Distorção (www.einstein.br/alcooledrogas) / NEAD - Núcleo Einstein de Álcool e Drogas do Hospital Israelita Albert Einstein

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

POR DIA, 21 JOVENS SÃO INTERNADOS POR USO DE ÁLCOOL E DROGA

A porta de entrada para a dependência química no Brasil acontece aos 13 anos. O início do consumo exagerado de entorpecentes acarreta outra estatística precoce à saúde do adolescente brasileiro. Segunda dados nacionais, entre janeiro e maio deste ano, todos os dias, 21 pessoas com menos de 19 anos foram internadas por transtornos mentais acarretados pelo abuso de álcool e drogas.
O levantamento, feito pelo iG Saúde no banco virtual de dados do Ministério da Saúde, mostra que este tipo de internação é crescente no País. Em dois anos, foi registrado um aumento de 29,5% nestas hospitalizações, passando de 2.426 casos nos primeiros cinco meses de 2009 para 3.142 registros em 2011. Os meninos são maioria com 75,6%, e a faixa etária mais vulnerável é a entre 15 e 19 anos.
Na tentativa de mudar o curso da dependência precoce brasileira, a prefeitura do Rio de Janeiro e o governo de São Paulo lançaram dois planos de ação que mudam a abordagem de ação governamental.
No Estado paulista, o governo encaminhou nesta segunda-feira (1/8), um projeto de lei à Assembleia Legislativa – que ainda precisa ser aprovado pelos deputados para entrar em vigor – para aumentar o rigor de fiscalização em bares, restaurantes e outros tipos de comércios que vendem bebida alcoólica a menores de 18 anos. Pelo texto sugerido, o estabelecimento infrator pode receber multas de até R$ 87,2 mil, além de interdição por 30 dias e fechamento definitivo das portas.
Já no município carioca, a Secretaria Municipal de Assistência Social, desde maio, tem aval para internar adolescentes e crianças em situação de rua que são usuários crônicos de drogas, mesmo contra a vontade deles. Desde que o programa foi instalado, 94 meninos foram internados no regime de internação chamado de compulsório.


O consumo de álcool é cem vezes maior do que o crack
Para Elisaldo Carilini, coordenador do Centro Brasileiro de Informações Sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), da Unifesp, a escolha de São Paulo para brigar contra o consumo de álcool é acertada.
“Não há dúvidas de que as bebidas alcoólicas são o principal problema de saúde pública na dependência química juvenil”, afirma.
Para justificar a afirmação veemente, Carlini recorre aos mais recentes dados – ainda não publicados – da pesquisa nacional feita pelo Cebrid, que colheu informações de 108 mil estudantes de escolas públicas e privadas de todo País: enquanto 60,5% dos pesquisados afirmaram já ter usado álcool na vida, 0,6% disseram ter experimentado crack.
“É uma diferença comparativa de quase cem vezes entre crack e álcool. Para começar a reverter estes números absurdos é preciso que o comerciante e a pessoa que frequenta o bar participe deste processo”, diz o pesquisador.
“O comerciante não vendendo a pinga ou cerveja ao menor de idade e, caso o faça, tendo a noção e a sensação de que será punido. E o frequentador do bar, contribui denunciando o estabelecimento caso testemunhe a venda inadequada.”


Cérebros auxiliares na tomada de decisão
O psiquiatra da Associação Brasileira de Estudo do Álcool e Outras Drogas (Abead), Sérgio de Paula Ramos, concorda que a punição mais severa aos comerciantes de São Paulo pode contribuir para reverter o curso da dependência instalada antes dos 18 anos.
“A neurociência já demonstrou que o cérebro demora 21 anos para amadurecer plenamente. A última parte a ficar pronta é a que controla a impulsividade”, diz Ramos.
“O beber precoce detona o percurso de amadurecimento cerebral. Se a pessoa tem o primeiro contato com o álcool aos 21 anos, o risco de tornar-se alcoolista é de 9%. Se o início é aos 13 de idade – a média de início ao acesso dos brasileiros ao álcool, conforme atestou uma pesquisa do Ibope feita no ano passado – a chance de virar um dependente é ampliada para 50%”, diz.
Para o pesquisador da Abead a internação compulsória dos que desenvolvem esta dependência – aos moldes do programa já em curso no Rio de Janeiro – é outra medida consistente.
“É preciso que o jovem conte com cérebros auxiliares já maduros, como o dos seus pais, professores, profissionais de saúde", acredita Ramos.
"O recurso (da internação involuntária) é importante, pois facilita a ação do médico com este dependente. Hoje, para internar a pessoa dependente crônica é preciso aprovação do juiz. Tenho 37 anos de experiência com dependentes químicos e, até hoje, nunca recebi uma negativa judicial. Autorizar este trabalho do médico é facilitar o caminho.”


Trabalho em rede
Seja com o consentimento ou não do dependente, os médicos e estudiosos da dependência química não discordam que a internação é a última alternativa no tratamento médico, que é preciso existir uma rede de ambulatórios que dê conta de atender os casos menos graves e que uma fiscalização efetiva do exercícios dos profissionais de saúde coibiria abusos de hospitalizações desnecessárias.
Para o Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, é preciso mais do que apenas ampliar o número de serviços voltados ao usuário de álcool e drogas, seja ele de qualquer idade. Em entrevista ao iG, ele diz que atualmente “o tratamento da dependência química é uma dúvida no mundo todo. Todos os protocolos de tratamento, sejam farmacológicos ou não têm uma taxa relativa baixa de sucesso.”
“Acabamos de conversar sobre as novas diretrizes da política de enfrentamento de álcool e drogas. Temos de reorganizar os serviços de saúde para enfrentar essa situação. Precisamos ter uma rede que tenha serviços diferentes para situações diferentes. Qualquer proposta de organização do serviço que proponha um enfrentamento único está fadada ao fracasso.”
Por Fernanda Aranda, com colaboração de Leoleli Camargo e Priscilla Borges em http://saude.ig.com.br/minhasaude/por+dia+21+jovens+sao+internados+por+uso+de+alcool+e+droga/n1597111606737.html

Opinião do Blog Drogas: Preciso de Ajuda!!!
Acredito que toda tentativa de provomover o tratamento da dependência, seja ela de álcool ou droga, é válida. Contudo, na matéria apresentada sobre o enfrentamento do problema não foi abordado o tema principal: FATORES DE PROTEÇÃO. Fala-se em "repressão" no ponto de venda, mas não se discute soluções sobre a falta de alternativas para o jovem. As políticas públicas de enfrentamento da dependência química, somente serão viáveis, ao longo prazo, se as ações preventivas para as novas gerações forem efetivas. É necessário um investimento massiço em educação de qualidade, lazer, esportes e cultura, pois somente desta forma nossas crianças, adolescentes e jovens terão uma alternativa aos bares e pontos de venda de drogas.