E-mail:

. SE VOCÊ PRECISA DE AJUDA COM DROGAS OU TEM DÚVIDAS, ESCREVA PARA drogas_precisodeajuda@hotmail.com

domingo, 27 de novembro de 2011

DEPENDÊNCIA QUÍMICA É DOENÇA DO CÉREBRO

ESPECIALISTA AFIRMA QUE DOENTE NÃO DEVE SER TRATADO COMO MAU CARATER E SIM RECEBER TRATAMENTO CONTÍNUO

Atualmente nos Estados Unidos, existem 22,3 milhões de dependentes ou usuários de drogas ilícitas ou álcool e o número de indivíduos que recebem tratamento para livrar-se do vício não chega a 20%.
No Brasil, o crack é uma das drogas que vem causando mais alarde ultimamente e desde 2009 vem aumentando o número de usuários em cidades como Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro. Há saída para este problema?
Em recente visita a São Paulo, a mexicana radicada nos Estados Unidos Nora Volkow, diretora do Instituto Nacional sobre Abuso de Drogas dos Estados Unidos (NIDA), falou de seus estudos sobre o abuso de substâncias químicas defendendo que a dependência química é uma doença crônica que afeta o cérebro e deve ser tratada como tal.
Segundo a neurocientista, assim como a hipertensão, o vício é uma doença crônica que exige cuidados contínuos. “As taxas de recaídas de dependentes químicos são similares a outras doenças crônicas, como diabetes do tipo 1, hipertensão e asma, que também são caracterizadas por um grande número de recaídas pós-tratamento”, explica a pesquisadora, considerada pela revista “Time” uma das “100 pessoas mais influentes do mundo”.
Se nos EUA o tratamento do problema é feito por meio de grupos de ajuda em centros de recuperação, deste lado do Equador os programas são escassos. De acordo com Ronaldo Laranjeira, médico psiquiatra e coordenador da UNIAD (Unidade de Pesquisa em Álcool e drogas da Unifesp), o sistema público não oferece um programa que ajude o paciente por um período de meses ou anos.
“Nos CAPS (Centro de Atenção Psicossocial), cada profissional trata seu paciente como bem entender, mas é um trabalho que precisa de uma busca ativa e o sistema público não tem essa cultura de procurar mais trabalho”, afirma o especialista. Em contrapartida, Laranjeira indica os grupos de ajuda como principais portas para a recuperação e para o apoio familiar.
Segundo Laranjeira, mesmo que a família de um dependente não seja responsável pelo uso que ele faz da substância, a colaboração dela para ajudar no tratamento é de extrema importância. “O usuário sem a família terá uma dificuldade muito maior para se recuperar”, afirma. No entanto, é difícil lidar com uma doença complexa como a dependência química e, se a família também não obtiver apoio, também pode chegar a uma exaustão emocional, física e financeira.
Mecanismo da dependência
De acordo com a especialista norte-americana, o uso repetitivo de substâncias químicas diminui a habilidade de controle do indivíduo. As drogas afetam uma área cerebral chamada córtex orbitofrontal, responsável pelas decisões que tomamos, fazendo com que ela não funcione como deveria. “Os dependentes acabam perdendo o livre-arbítrio para dizer não”, explica Volkow. Como exemplo, ela cita pacientes que têm a mesma área do cérebro afetada, mas por culpa de outro problema, como o Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC).
Para medir os riscos do uso de substâncias químicas pela primeira vez, a especialista ressalta a idade como um fator indispensável. Segundo Volkow, a infância e a adolescência caracterizam a época mais propícia para desenvolvimento do vício. “Durante este período, o cérebro ainda é muito ‘plástico’: possibilita que você aprenda mais rapidamente, mas que se torne dependente químico mais rapidamente também”.
Entretanto, não é apenas a “plasticidade” do cérebro que colabora para o desenvolvimento do vício. A neurocientista afirma que fatores genéticos e ambientais também influenciam. E bastante. “O uso frequente de drogas afeta o cérebro e ocasiona o vício, mas quanto maior a predisposição genética e o número de eventos estressores na adolescência, maior é a possibilidade dele existir”, explica.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

A PRAGA DO CRACK SE ESPALHA NAS PEQUENAS CIDADES DO INTERIOR

Uma situação alarmante: a praga do crack se espalha nas pequenas cidades do interior do país. A droga, uma das mais destruidoras, faz cada vez mais vítimas onde não existe prevenção nem tratamento dos dependentes.

Traficantes vendem crack tranquilamente. Não se intimidam nem com a passagem da polícia Contam dinheiro nas ruas, distribuem a droga. Em uma rua dominada pelo crack, a droga passa pelas mãos de homens, mulheres e crianças.

As imagens do Centro de São Paulo são um retrato explícito do consumo do crack no Brasil. A droga hoje está presente em 92% dos municípios do país, segundo uma pesquisa recente. Chegou até cidades muito pequenas, pacatas.

Como Buri, a 250 quilômetros de São Paulo. A cidade tem 18.500 habitantes. No ano passado, a droga se tornou uma das maiores preocupações do prefeito Claudio Ú Fonseca. “Está devastador. Todas as escolas têm o pequeno traficante vendendo ou dando o tal do crack”, desabafa. Ele calcula que das 4 mil crianças nas escolas de ensino fundamental, 1,5 mil estão expostas ao crack. Há traficantes nas redondezas das escolas e troca da droga se espalha entre os próprios alunos.

Oitenta por cento dos casos de crianças e jovens que abandonam a escola em Buri estão ligados ao crack.

“Alguns assistem à primeira aula, depois ficam duas aulas fora. Retornam para o intervalo. Aí já retornam assim com comportamento estranho, sem limites”, conta a diretora Maria Cecília de Lima.

Uma solução encontrada pela Prefeitura de Buri foi a construção de muros altos nas escolas, com arame farpado em cima. Algo nada comum em cidades pequenas. Mas a intenção é impedir que os traficantes levem a droga para dentro e que os alunos fujam das escolas para consumir crack.

Uma manicure descobriu que o filho de 12 anos é usuário. O menino deixou de ir à escola, fugiu de casa e já não fala mais com mãe. “Hoje mesmo eu o vi na rua. Eu tento todas as vezes falar com ele, só que ele foge. Ele não fala comigo”, conta. A mãe pediu à Justiça a internação do menino.

O que uma cidade como Buri tem a oferecer para uma família que tem problema com drogas? “Hoje não tem nada a oferecer. Não tem um grupo de apoio, não tem um AA, não tem um Narcóticos Anônimos. Então, o tráfico vê em Buri um ambiente propício para se instalar”, explica Paola Bertocco, promotora de Justiça de Buri.

A pesquisa da Confederação Nacional de Municípios confirma que 64% das cidades entrevistadas têm dificuldade para tratar os usuários. Nos municípios pequenos, o problema é ainda mais grave. Em muitas deles, não há centros especializados para atendimento e internação. Um exemplo é Itajuípe, na Bahia, com 21 mil habitantes.

A mãe de duas dependentes, uma de 22 anos e outra de 30 encontrou opções de tratamento pagas. “Eu não tenho condições de pagar R$ 200, R$ 300. Não tenho. Elas dizem 'Mãe, se arrumar um lugar assim para eu ir, eu quero'. E eu tenho meu sonho que apareça esse lugar, né?”, espera a mãe.

Quem procura atendimento é enviado pela Prefeitura de Itajuípe a outros municípios. Em Minas Gerais, o pintor Cléber teve de viajar para conseguir tratamento em Montes Claros. Ficou lá por nove meses, mas não conseguiu acabar com a dependência. “Perdi minha identidade própria, respeito da sociedade”, lamenta.

“O crack é seguramente uma das drogas mais agressivas que a gente conhece. As cidades pequenas, via de regra, estão menos aparelhadas para lidar com um problema que demanda uma atitude multifatorial para dar conta do problema”, diz o professor Unifesp Dartiu Xavier da Silveira.

Estrutura nem sempre é suficiente. São Paulo, a maior cidade do Brasil, centro financeiro do país, sofre há anos para combater o tráfico e acabar com a cracolândia. “Temos mais de mil vagas de internação na cidade, programas especializados, mesmo com isso, o trabalho é muito lento. As pessoas não aderem ao tratamento e depois interrompem o tratamento”, explica Januario Montone, secretário municipal de Saúde de São Paulo.

O Governo Federal vai lançar nos próximos dias um plano de combate ao crack. Serão criados consultórios de rua, que funcionarão como postos móveis de atendimento a dependentes químicos. Também haverá recursos para o treinamento de equipes e de prevenção.

“Se nós capacitarmos um educador para lidar com essa questão no início, no possível início de consumo, certamente esse aluno não vai chegar em condição de internamento”, alega Paulina Duarte, secretária nacional de políticas sobre drogas.

O município de Cachoeirinha, no Rio Grande do Sul, é um exemplo de sucesso no combate ao crack. O próprio prefeito, Luiz Vicente Pires, foi dependente da droga: “Eu usava para dormir e acordava para usar”, revela

A cidade criou um centro de tratamento há dez anos. Resultado: o total de roubos e furtos em Cachoeirinha caiu 25% desde 2007. No local, 250 pessoas se livraram do crack.

“Isso vai servindo para que um se espelhe no outro. Se aquele menino conseguiu, eu posso também. E todos podem. Não existe ninguém que seja irrecuperável”, destaca Tomazeski Coimbra, coordenador do centro.
Fonte: Matéria exibida no Fantástico, em 20/11/11. Link: http://fantastico.globo.com/Jornalismo/FANT/0,,MUL1676800-15605,00.html

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

CURSO ONLINE GRATUITO SOBRE DROGAS

Olá!!
Hoje estou aqui para dar uma super dica para pais de crianças e adolescentes que preocupam-se com o número crescente de dependentes química nesta faixa etária.

Trata-se de um curso virtual de prevenção ao uso de drogas para pais, totalmente gratuito. Sabendo que hoje, cada vez mais, as drogas estão muito mais próximas e acessíveis é necessário um maior entendimento de seus sinais e sintomas por parte da sociedade com o objetivo de prevenir a instalação de problemas maiores. Durante o curso, os pais terão acesso a uma série de capítulos de aprendizagem interativa, que fornecerão dados importantes sobre a prevenção do abuso de drogas e como esses dados poderão ser utilizados no cotidiano das famílias.. O objetivo principal do curso é permitir que os pais possam proteger melhor seus filhos do mundo das drogas, oferecendo sugestões e conselhos práticos sobre como conversar com eles .

Recomendo fortemente este link.
http://www.paisconectados.org/paisconectados.html

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

A LEGALIDADE DA INTERNAÇÃO COMPULSÓRIA PARA DEPENDENTE QUÍMICO

Olá,
Gente, tenho recebido alguns e-mails pedindo informações e até mesmo questionando a questão da internação involuntária ou compulsória para dependentes químicos. A maioria das dúvidas, refere-se a questão da legalidade deste tipo de procedimento. Realizei várias pesquisas para poder trazer uma informação segura, que possa ajudar a família no processo de tomada de decisão. Nas minhas buscas, encontrei o excelente texto, que a seguir, reproduzo na íntegra.

O tema tem sido debatido por vários segmentos da sociedade, os ativistas de direitos humanos sustentam que a internação compulsória fere cláusula pétrea, o direito à liberdade do cidadão, consagrado no artigo 5º, da Constituição Federal.
Por sua vez, os médicos sustentam que internar uma pessoa contra a sua vontade caracterizaria crime, denominado como cárcere privado.
A meu ver, as duas correntes acima estão equivocadas, o princípio constitucional que deve ser protegido pelo Estado é o direito à vida, a mais importante das cláusulas pétreas, o maior bem que um ser humano possui. No caso específico dos dependentes químicos, em razão da dependência às drogas, em sua maioria os usuários perdem o discernimento, não mais conseguem decidir o rumo de sua vida. É de conhecimento público que o uso contínuo de drogas causa a morte do usuário, assim, acredito que caracterizada esta situação é dever do Estado interferir na vida daquele cidadão e determinar sua internação para tratamento, o poder público tem o dever de salvar a vida daquele cidadão e devolver-lhe a dignidade, sua cidadania.
Algumas pessoas têm defendido a tese da criação de uma legislação que autorize o poder público efetuar a internação compulsória de dependentes químicos para tratamento.
Totalmente desnecessário, o ordenamento jurídico brasileiro possui o Decreto-Lei 891, de 25 de novembro de 1938, em plena vigência, que regulamenta a fiscalização de entorpecentes, legislação que reconhece que o usuário de drogas é doente, que é proibido tratá-lo em domicílio e cria e regulamenta a figura da internação obrigatória de dependentes químicos, quando provada a necessidade de tratamento adequado ao enfermo ou quando for conveniente à ordem pública.
Para liquidar a questão, transcrevemos os artigos 27, 28 e 29, da referida legislação, in verbis: “Artigo 27. A toxicomania ou a intoxicação habitual, por substâncias entorpecentes, é considerada doença de notificação compulsória, em caráter reservado, à autoridade sanitária local.”
“Art. 28. Não é permitido o tratamento de toxicômanos em domicílio.”
“Art. 29. Os toxicômanos ou os intoxicados habituais, por entorpecentes, por inebriantes em geral ou bebidas alcoólicas, são passíveis de internação obrigatória ou facultativa por tempo determinado ou não.
§1º. A internação obrigatória se dará, nos casos de toxicomania por entorpecentes ou nos outros casos, quando provada à necessidade de tratamento adequado ao enfermo, ou for conveniente à ordem pública. Essa internação se verificará mediante representação da autoridade policial ou a requerimento do Ministério Público, só se tornando efetiva após decisão judicial.”
Quando se tratar de usuário menor de idade, a internação deverá ser requerida judicialmente pelo Ministério Público, como medida protetiva à criança ou adolescente, sempre utilizando como base legal o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/90).
Todavia, infelizmente, no caso da Cidade de São Paulo, não há vagas suficientes nos estabelecimentos públicos adequados ao tratamento de dependentes químicos, nas redes do serviço de saúde pública estadual e municipal.
Os órgãos públicos da área de saúde têm obrigação legal de incrementar programas públicos de atendimento aos usuários e dependentes de drogas, todavia, é incontestável a negligência do poder público nesta obrigação. O Estado deveria investir de forma direta na criação de clínicas públicas para tratamento de dependentes químicos e de forma indireta na destinação de recursos às entidades da sociedade civil, sem fim lucrativo, que atuem neste seguimento.
Por fim, entendo que a internação compulsória dos dependentes químicos é totalmente legal, não fere direitos fundamentais do usuário, na verdade busca preservar e resgatar a dignidade destes cidadãos desprezados pela sociedade e esquecidos pelo poder público.

Fonte: http://www.conjur.com.br/2011-ago-05/internacao-compulsoria-dependentes-quimicos-constitucional  Escrito Por Arles Gonçalves Junior Advogado, Presidente da Comissão de Segurança Pública da OABSP e Consultor Jurídico do Programa Questão de Justiça. Revista Consultor Jurídico, 5 de agosto de 2011