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sábado, 5 de maio de 2012

"Brasil espera o óxi sair de controle para levantar o sinal de emergência", diz Maierovich

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UOL
O óxi, mais forte e devastador do que o crack, segundo especialistas, entrou de vez para o noticiário após as apreensões se multiplicarem e se espalharem rapidamente pelo Brasil.
Até o final de abril, havia registros de ocorrência do óxi em 10 Estados –Acre, Amazonas, Pará, Amapá, Rondônia, Goiás, Pernambuco, Mato Grosso do Sul , Piauí, São Paulo– e no Distrito Federal. Nas últimas duas semanas, a droga se espalhou para Paraná, Bahia e Rio Grande do Sul.
Em São Paulo, até o início do mês não havia ocorrido apreensões de óxi. De lá para cá, foram pelo menos cinco, a maior delas na segunda-feira (16), quando 5.000 pedras de óxi foram encontradas na favela de Heliópolis, na zona sul da capital.
O UOL Notícias entrevistou o professor e jurista Walter Maierovich, ex-desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), para analisar, à luz da experiência com a popularização de outros tipos de drogas, a expansão do óxi e o papel que o poder público deve tomar.
UOL Notícias – Depois do ciclo da cocaína e do crack, o senhor acha que entraremos em breve no ciclo do óxi?
Walter Maierovich – Há dez anos, o governo de Bill Clinton (ex-presidente dos EUA) dizia que a cocaína não seria mais o problema, e sim as drogas sintéticas, porque custava muito para o cloridrato (pó da cocaína) chegar até os outros continentes, enquanto as drogas sintéticas poderiam ser feitas em qualquer lugar. Acreditava-se que o crime organizado controlaria toda essa rede de drogas sintéticas, mas o crime teve um problema de mercado, porque qualquer um conseguia fazer a droga sintética. Na Holanda, por exemplo, elas eram feitas em qualquer fundo de quintal. Mas essas drogas tinham muitas impurezas, e os problemas de saúde começaram a aparecer nos usuários. Resultado: a cocaína voltou a ser a rainha das drogas porque nela se consegue um grau maior de pureza. É uma questão de mercado. Todo mundo está sempre tentando inventar uma nova droga. Em relação ao óxi, é uma droga barata, que usa como insumos produtos fáceis de encontrar. Acredito que o óxi vai se disseminar entre um mercado consumidor de baixa renda, das classes C, D e E.
UOL Notícias – O crack também era utilizado quase que exclusivamente pelas classes populares, mas se espalhou para a classe média.
Maierovich – O óxi vai pegar a classe média baixa também. Agora, diante desse contexto, é preciso entrar com campanhas esclarecedoras dos efeitos dessa droga, campanhas de redução dos riscos. Em São Paulo houve uma migração dos usuários da Cracolândia para vários outros pontos da cidade, e não houve políticas adequadas para lidar com isso.
UOL Notícias – O tráfico evitava comercializar o crack porque havia uma ideia de que a droga matava rapidamente. Quando os traficantes descobriram que as mortes dos usuários aconteciam por fatores externos ao consumo da droga, e não pelo uso da droga em si, começaram a vender crack também. O óxi, além de ser mais barato, parece que mata o usuário em pouco tempo, segundo alguns especialistas. É vantajoso para o tráfico vender óxi?
Maierovich – Para o tráfico não é interessante que a sua droga mate o usuário. Os alertas, as estatísticas são um incentivo para que as pessoas não usem drogas que matam. Mas é necessário que haja uma campanha forte mostrando que o óxi mata.
UOL Notícias – Como o senhor avalia o enfrentamento ao óxi feito pelos órgãos federais?
Maierovich – Não há políticas de prevenção. Na Europa, assim que surge uma droga nova, eles acendem um sinal de emergência e se mobilizam para impedir a expansão. No Brasil, estão esperando o óxi sair do controle para levantar o sinal de emergência. Está na hora de acender a luz, traçar políticas nos três níveis de governo para conter o avanço da droga. Aqui não há políticas públicas, não há prevenção, nem controle da venda de insumos químicos. Nos países onde há a matéria-prima da folha de coca não há indústrias químicas, e eles precisam de éter, acetona, entre outros insumos para fazer a pasta base. E da onde vêm esses produtos? Do Brasil! Nosso país tem uma culpa enorme nesse processo.
UOL Notícias – O que precisaria ser feito para se conter o avanço do óxi?
Maierovich – Há “n” coisas a fazer. Primeiro, precisa de política pública, o que não temos. Fala-se que o Brasil tem fronteiras enormes, mas as drogas entram sempre pelos mesmos lugares, pelas mesmas estradas e rotas. É preciso ter controle desses lugares. Também se deve observar as contas bancárias em determinados municípios e ver se as transações são compatíveis com a capacidade do município. Tem que se usar a inteligência. Depois, há sempre a questão da corrupção, que precisa ser resolvido.
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