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quarta-feira, 13 de julho de 2016

ÁLCOOL E DROGAS NO AMBIENTE CORPORATIVO: A IMPORTANCIA DA IMPLANTAÇÃO DO PROGRAMAS DE PREVENÇÃO E REABILITAÇÃO DO TRABALHADOR DEPENDENTE QUÍMICO

Nos últimos anos grandes mudanças estruturais nas instituições vem sendo observadas. O mundo corporativo passa por constantes mudanças para adequar-se aos novos conceitos e valores da modernidade.  A conquista de resultados de forma rápida gera uma tensão permanente nas grandes organizações, bem como em seus funcionários .


Numa cultura de aquisição de resultados e da valorização excessiva das conquistas materiais e superficiais, as pessoas buscam cada vez mais atingir metas estabelecidas pelas organizações e também suas metas pessoais, geradas dentro da mesma cultura, produzindo sobrecarga e tensão excessiva e que pode, após algum tempo, causar a fragilização do indivíduo e uma perda de sentido na vida.

Dentro deste contexto, não se pode esquecer que o trabalhador tem uma história de vida que traz como bagagem inseparável em qualquer atividade ou cargo que ocupe. Essa história contém sua própria personalidade, aspectos emocionais: traumas vividos, alegrias, recompensas, dores, lutos e perdas, cuidados e maus tratos; aspectos genéticos que incluem a história e tendência de seus antepassados para determinados comportamentos e patologias; aspectos sócioculturais: seu meio, suas conquistas na sociedade na qual vive, a demanda dessa sociedade em relação à seus membros, suas crenças e mitos sociais e ainda aspectos fisiológicos que englobam seu funcionamento como um sistema vivo, sua bioquímica cerebral, seu funcionamento adequado ou inadequado fisiologicamente.

Diante desse conjunto de comportamentos e tendências, o estresse causado pelo trabalho pode não ser o fator determinante, mas é um gatilho, um facilitador para a instalação da dependência química no meio laboral.

Atualmente, é incontestável o prejuízo significativo no ambiente de trabalho atribuído ao abuso de álcool e drogas.

Apesar de grandes corporações já possuirem programas de prenvenção e reabilitação para seus funcionários, existe ainda um grande número de empresas que não possui programas de prevenção e reabilitação no ambiente laboral e que acabam por documentar prejuízos como:

- crescente aumento de absenteísmo no quadro funcional
- elevação de taxas de acidentes de trabalho
- redução da produtividade
- elevada taxa de renovação do quadro funcional
- prejuízo nas relações interpessoais
- prejuízo na imagem da empresa

Vários obstáculos ainda inviabilizam a implantação de programas de prevenção e reabilitação no mundo corporativo:

- O mito do custo elevado acaba sendo desmistificado a partir da contabilização de menor prejuízo em amplo sentido para a empresa, confirmando que o custo do programa não só se paga como ainda dá retorno.
- O preconceito que ainda existe em torno da dependencia química. A dependência química não é falha de caráter e nem falta de vontade ou determinação. É uma doença que necessita de cuidados e tratamento. 
- Para o trabalhador, participar de um programa de prevenção e reabilitação é um demérito à sua carreira e ainda gera fantasias de punição por parte da empresa.
- A visão capitalista da empresa de que somente importa metas e produção, negando a importância do potencial humano envolvido no processo ou adotando a reposição do trabalhador dependente como regra para o alcoolismo e dependência química.

E o pior dos obstáculos:

- A adoção do programa se faz para o “chão de fábrica” e exclui os executivos, membros de conselho, diretoria e presidência, quando é incontestável que a dependência química e o alcoolismo estão, por razões como estresse, pressão e competitividade, muito presentes nas amplas salas acarpetadas dos diretores e executivos e ainda, o prejuízo causado por um executivo dependente químico é maior, quando não irreversível.

Um programa adequado para a empresa deve ser concebido segundo as características, possibilidades e necessidades da empresa. Há fatores comuns em todos os tipos de programas implantados e bem sucedidos no mercado brasileiro.

Todos os programas visam prevenir antes de reabilitar. Compreendem uma série de ações que envolvem aspectos emocionais, sociais, familiares e pessoais do trabalhador, tratando-o e reabilitando-o de forma holística.

Na prevenção, palestras, workshops, distribuição de material e esclarecimento de dúvidas são recursos comuns em todos os programas.

Na reabilitação, entrevistas com supervisores, coordenadores e gerentes são ações que visam detectar prováveis dependentes, campanhas motivacionais onde são enfatizados os ganhos da adesão ao programa e assegurado o emprego do trabalhador são recursos importantes para o sucesso do programa. Com a identificação dos trabalhadores doentes, o encaminhamento para avaliação psiquiátrica e atendimento psicoterapêutico, a pesquisa e assistência familiar assim como o estabelecimento de um grupo de ajuda mútua ou apoio interno ou externo podem ajudar o trabalhador a quebrar o padrão do consumo abusivo de substâncias, entretanto alguns casos podem requerer uma internação como medida única cabível em alguns padrões de abuso.

A sustentação de um programa também requer a sua constante manutenção, a qual pode ser feita por um grupo de trabalhadores e pessoal de recursos humanos treinados para reuniões periódicas ou para condução de um grupo semanal de apoio, assim como um calendário de palestras semestrais ou anuais sobre o tema.

Com isto, a empresa estará investindo no potencial humano. Investir na reabilitação de um funcionário é valorizá-lo, fidelizá-lo. Um funcionário recuperado “vestirá a camisa da empresa” e com isto demonstrará sua gratidão.

Outros ganhos para empresa seguirão:

- redução da taxa de absenteísmo
- Queda no índice de acidentes de trabalho
- Aumento de produtividade
- Fidelização do funcionário reabilitado
- Aumento de solidariedade no ambiente laboral
- Valorização do funcionário
- Valorização e melhora na imagem da empresa no ambiente interno e externo
- Baixa rotatividade no quadro funcional
- Melhora no clima organizacional
- Redução do preconceito interno e externo.

Várias empresas têm documentado e contabilizado ganhos a partir da implantação de programas de prevenção e reabilitação em Dependência Química. Pode-se inclusive contabilizar ganhos além do ambiente corporativo, pois a reabilitação de funcionários implica também em:

- Redução da taxa de mortalidade precoce devido ao alcoolismo, dependência química e comorbidades.
- Redução do custo governamental com tratamentos e reabilitação, possibilitando viabilizar verbas para outros fins.
- Redução de custos de aparatos judiciais, policiais mantidos pelo governo para combate ao tráfico e uso de drogas
- Redução de custos econômicos e outros com a manutenção do sistema prisional para traficantes e consumidores de drogas.
- Substituição de uma possível carreira criminal por carreira profissional.
- E o mais importante: a inserção ou devolução desse trabalhador como um cidadão capacitado no seu meio.

As empresas têm responsabilidade social por seus trabalhadores e precisam expandir e ampliar suas ações para que tal atributo tenha efeito na sua comunidade. Prevenir e reabilitar é uma responsabilidade social.

Baseado no Artigo publicado por Olivan Liger de Oliveira

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