Nos últimos anos grandes mudanças
estruturais nas instituições vem sendo observadas. O mundo corporativo passa por constantes mudanças
para adequar-se aos novos conceitos e valores da modernidade. A conquista de resultados de forma rápida gera
uma tensão permanente nas grandes organizações, bem como em seus funcionários .
Numa cultura de aquisição de resultados e da
valorização excessiva das conquistas materiais e superficiais, as pessoas
buscam cada vez mais atingir metas estabelecidas pelas organizações e também
suas metas pessoais, geradas dentro da mesma cultura, produzindo sobrecarga e
tensão excessiva e que pode, após algum tempo, causar a fragilização do
indivíduo e uma perda de sentido na vida.
Dentro deste contexto, não se pode esquecer que o
trabalhador tem uma história de vida que traz como bagagem inseparável em
qualquer atividade ou cargo que ocupe. Essa história contém sua própria
personalidade, aspectos emocionais: traumas vividos, alegrias, recompensas,
dores, lutos e perdas, cuidados e maus tratos; aspectos genéticos que incluem a
história e tendência de seus antepassados para determinados comportamentos e
patologias; aspectos sócioculturais: seu meio, suas conquistas na sociedade na
qual vive, a demanda dessa sociedade em relação à seus membros, suas crenças e
mitos sociais e ainda aspectos fisiológicos que englobam seu funcionamento como
um sistema vivo, sua bioquímica cerebral, seu funcionamento adequado ou inadequado
fisiologicamente.
Diante desse conjunto de comportamentos e tendências,
o estresse causado pelo trabalho pode não ser o fator determinante, mas é um
gatilho, um facilitador para a instalação da dependência química no meio
laboral.
Atualmente, é incontestável o prejuízo significativo
no ambiente de trabalho atribuído ao abuso de álcool e drogas.
Apesar de grandes corporações já possuirem programas
de prenvenção e reabilitação para seus funcionários, existe ainda um grande
número de empresas que não possui programas de prevenção e reabilitação no
ambiente laboral e que acabam por documentar prejuízos como:
- crescente aumento de absenteísmo no quadro funcional
- elevação de taxas de acidentes de trabalho
- redução da produtividade
- elevada taxa de renovação do quadro funcional
- prejuízo nas relações interpessoais
- prejuízo na imagem da empresa
Vários obstáculos ainda inviabilizam a implantação de
programas de prevenção e reabilitação no mundo corporativo:
- O mito do custo elevado acaba sendo desmistificado a
partir da contabilização de menor prejuízo em amplo sentido para a empresa,
confirmando que o custo do programa não só se paga como ainda dá retorno.
- O preconceito que ainda existe em torno da dependencia química. A dependência
química não é falha de caráter e nem falta de vontade ou determinação. É uma
doença que necessita de cuidados e tratamento.
- Para o trabalhador, participar de um programa de prevenção e reabilitação é
um demérito à sua carreira e ainda gera fantasias de punição por parte da
empresa.
- A visão capitalista da empresa de que somente importa metas e produção,
negando a importância do potencial humano envolvido no processo ou adotando a
reposição do trabalhador dependente como regra para o alcoolismo e dependência
química.
E o pior dos obstáculos:
- A adoção do programa se faz para o “chão de fábrica”
e exclui os executivos, membros de conselho, diretoria e presidência, quando é
incontestável que a dependência química e o alcoolismo estão, por razões como
estresse, pressão e competitividade, muito presentes nas amplas salas
acarpetadas dos diretores e executivos e ainda, o prejuízo causado por um
executivo dependente químico é maior, quando não irreversível.
Um programa adequado para a empresa deve ser concebido
segundo as características, possibilidades e necessidades da empresa. Há
fatores comuns em todos os tipos de programas implantados e bem sucedidos no
mercado brasileiro.
Todos os programas visam prevenir antes de reabilitar.
Compreendem uma série de ações que envolvem aspectos emocionais, sociais,
familiares e pessoais do trabalhador, tratando-o e reabilitando-o de forma
holística.
Na prevenção, palestras, workshops, distribuição de
material e esclarecimento de dúvidas são recursos comuns em todos os programas.
Na reabilitação, entrevistas com supervisores,
coordenadores e gerentes são ações que visam detectar prováveis dependentes,
campanhas motivacionais onde são enfatizados os ganhos da adesão ao programa e
assegurado o emprego do trabalhador são recursos importantes para o sucesso do
programa. Com a identificação dos trabalhadores doentes, o encaminhamento para
avaliação psiquiátrica e atendimento psicoterapêutico, a pesquisa e assistência
familiar assim como o estabelecimento de um grupo de ajuda mútua ou apoio
interno ou externo podem ajudar o trabalhador a quebrar o padrão do consumo
abusivo de substâncias, entretanto alguns casos podem requerer uma internação
como medida única cabível em alguns padrões de abuso.
A sustentação de um programa também requer a sua
constante manutenção, a qual pode ser feita por um grupo de trabalhadores e
pessoal de recursos humanos treinados para reuniões periódicas ou para condução
de um grupo semanal de apoio, assim como um calendário de palestras semestrais
ou anuais sobre o tema.
Com isto, a empresa estará investindo no potencial
humano. Investir na reabilitação de um funcionário é valorizá-lo, fidelizá-lo.
Um funcionário recuperado “vestirá a camisa da empresa” e com isto demonstrará
sua gratidão.
Outros ganhos para empresa seguirão:
- redução da taxa de absenteísmo
- Queda no índice de acidentes de trabalho
- Aumento de produtividade
- Fidelização do funcionário reabilitado
- Aumento de solidariedade no ambiente laboral
- Valorização do funcionário
- Valorização e melhora na imagem da empresa no ambiente interno e externo
- Baixa rotatividade no quadro funcional
- Melhora no clima organizacional
- Redução do preconceito interno e externo.
Várias empresas têm documentado e
contabilizado ganhos a partir da implantação de programas de prevenção e
reabilitação em Dependência Química. Pode-se inclusive contabilizar ganhos além do ambiente
corporativo, pois a reabilitação de funcionários implica também em:
- Redução da taxa de mortalidade precoce devido
ao alcoolismo, dependência química e comorbidades.
- Redução do custo governamental com tratamentos e reabilitação, possibilitando
viabilizar verbas para outros fins.
- Redução de custos de aparatos judiciais, policiais mantidos pelo governo para
combate ao tráfico e uso de drogas
- Redução de custos econômicos e outros com a manutenção do sistema prisional
para traficantes e consumidores de drogas.
- Substituição de uma possível carreira criminal por carreira profissional.
- E o mais importante: a inserção ou devolução desse trabalhador como um
cidadão capacitado no seu meio.
As empresas têm responsabilidade social por seus
trabalhadores e precisam expandir e ampliar suas ações para que tal atributo
tenha efeito na sua comunidade. Prevenir e reabilitar é uma responsabilidade
social.
Baseado no Artigo publicado por Olivan Liger de
Oliveira
******************
PROBLEMAS COM DROGAS? NÓS PODEMOS AJUDAR
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
ResponderExcluir