E-mail:

. SE VOCÊ PRECISA DE AJUDA COM DROGAS OU TEM DÚVIDAS, ESCREVA PARA drogas_precisodeajuda@hotmail.com

domingo, 27 de novembro de 2011

DEPENDÊNCIA QUÍMICA É DOENÇA DO CÉREBRO

ESPECIALISTA AFIRMA QUE DOENTE NÃO DEVE SER TRATADO COMO MAU CARATER E SIM RECEBER TRATAMENTO CONTÍNUO

Atualmente nos Estados Unidos, existem 22,3 milhões de dependentes ou usuários de drogas ilícitas ou álcool e o número de indivíduos que recebem tratamento para livrar-se do vício não chega a 20%.
No Brasil, o crack é uma das drogas que vem causando mais alarde ultimamente e desde 2009 vem aumentando o número de usuários em cidades como Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro. Há saída para este problema?
Em recente visita a São Paulo, a mexicana radicada nos Estados Unidos Nora Volkow, diretora do Instituto Nacional sobre Abuso de Drogas dos Estados Unidos (NIDA), falou de seus estudos sobre o abuso de substâncias químicas defendendo que a dependência química é uma doença crônica que afeta o cérebro e deve ser tratada como tal.
Segundo a neurocientista, assim como a hipertensão, o vício é uma doença crônica que exige cuidados contínuos. “As taxas de recaídas de dependentes químicos são similares a outras doenças crônicas, como diabetes do tipo 1, hipertensão e asma, que também são caracterizadas por um grande número de recaídas pós-tratamento”, explica a pesquisadora, considerada pela revista “Time” uma das “100 pessoas mais influentes do mundo”.
Se nos EUA o tratamento do problema é feito por meio de grupos de ajuda em centros de recuperação, deste lado do Equador os programas são escassos. De acordo com Ronaldo Laranjeira, médico psiquiatra e coordenador da UNIAD (Unidade de Pesquisa em Álcool e drogas da Unifesp), o sistema público não oferece um programa que ajude o paciente por um período de meses ou anos.
“Nos CAPS (Centro de Atenção Psicossocial), cada profissional trata seu paciente como bem entender, mas é um trabalho que precisa de uma busca ativa e o sistema público não tem essa cultura de procurar mais trabalho”, afirma o especialista. Em contrapartida, Laranjeira indica os grupos de ajuda como principais portas para a recuperação e para o apoio familiar.
Segundo Laranjeira, mesmo que a família de um dependente não seja responsável pelo uso que ele faz da substância, a colaboração dela para ajudar no tratamento é de extrema importância. “O usuário sem a família terá uma dificuldade muito maior para se recuperar”, afirma. No entanto, é difícil lidar com uma doença complexa como a dependência química e, se a família também não obtiver apoio, também pode chegar a uma exaustão emocional, física e financeira.
Mecanismo da dependência
De acordo com a especialista norte-americana, o uso repetitivo de substâncias químicas diminui a habilidade de controle do indivíduo. As drogas afetam uma área cerebral chamada córtex orbitofrontal, responsável pelas decisões que tomamos, fazendo com que ela não funcione como deveria. “Os dependentes acabam perdendo o livre-arbítrio para dizer não”, explica Volkow. Como exemplo, ela cita pacientes que têm a mesma área do cérebro afetada, mas por culpa de outro problema, como o Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC).
Para medir os riscos do uso de substâncias químicas pela primeira vez, a especialista ressalta a idade como um fator indispensável. Segundo Volkow, a infância e a adolescência caracterizam a época mais propícia para desenvolvimento do vício. “Durante este período, o cérebro ainda é muito ‘plástico’: possibilita que você aprenda mais rapidamente, mas que se torne dependente químico mais rapidamente também”.
Entretanto, não é apenas a “plasticidade” do cérebro que colabora para o desenvolvimento do vício. A neurocientista afirma que fatores genéticos e ambientais também influenciam. E bastante. “O uso frequente de drogas afeta o cérebro e ocasiona o vício, mas quanto maior a predisposição genética e o número de eventos estressores na adolescência, maior é a possibilidade dele existir”, explica.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

A PRAGA DO CRACK SE ESPALHA NAS PEQUENAS CIDADES DO INTERIOR

Uma situação alarmante: a praga do crack se espalha nas pequenas cidades do interior do país. A droga, uma das mais destruidoras, faz cada vez mais vítimas onde não existe prevenção nem tratamento dos dependentes.

Traficantes vendem crack tranquilamente. Não se intimidam nem com a passagem da polícia Contam dinheiro nas ruas, distribuem a droga. Em uma rua dominada pelo crack, a droga passa pelas mãos de homens, mulheres e crianças.

As imagens do Centro de São Paulo são um retrato explícito do consumo do crack no Brasil. A droga hoje está presente em 92% dos municípios do país, segundo uma pesquisa recente. Chegou até cidades muito pequenas, pacatas.

Como Buri, a 250 quilômetros de São Paulo. A cidade tem 18.500 habitantes. No ano passado, a droga se tornou uma das maiores preocupações do prefeito Claudio Ú Fonseca. “Está devastador. Todas as escolas têm o pequeno traficante vendendo ou dando o tal do crack”, desabafa. Ele calcula que das 4 mil crianças nas escolas de ensino fundamental, 1,5 mil estão expostas ao crack. Há traficantes nas redondezas das escolas e troca da droga se espalha entre os próprios alunos.

Oitenta por cento dos casos de crianças e jovens que abandonam a escola em Buri estão ligados ao crack.

“Alguns assistem à primeira aula, depois ficam duas aulas fora. Retornam para o intervalo. Aí já retornam assim com comportamento estranho, sem limites”, conta a diretora Maria Cecília de Lima.

Uma solução encontrada pela Prefeitura de Buri foi a construção de muros altos nas escolas, com arame farpado em cima. Algo nada comum em cidades pequenas. Mas a intenção é impedir que os traficantes levem a droga para dentro e que os alunos fujam das escolas para consumir crack.

Uma manicure descobriu que o filho de 12 anos é usuário. O menino deixou de ir à escola, fugiu de casa e já não fala mais com mãe. “Hoje mesmo eu o vi na rua. Eu tento todas as vezes falar com ele, só que ele foge. Ele não fala comigo”, conta. A mãe pediu à Justiça a internação do menino.

O que uma cidade como Buri tem a oferecer para uma família que tem problema com drogas? “Hoje não tem nada a oferecer. Não tem um grupo de apoio, não tem um AA, não tem um Narcóticos Anônimos. Então, o tráfico vê em Buri um ambiente propício para se instalar”, explica Paola Bertocco, promotora de Justiça de Buri.

A pesquisa da Confederação Nacional de Municípios confirma que 64% das cidades entrevistadas têm dificuldade para tratar os usuários. Nos municípios pequenos, o problema é ainda mais grave. Em muitas deles, não há centros especializados para atendimento e internação. Um exemplo é Itajuípe, na Bahia, com 21 mil habitantes.

A mãe de duas dependentes, uma de 22 anos e outra de 30 encontrou opções de tratamento pagas. “Eu não tenho condições de pagar R$ 200, R$ 300. Não tenho. Elas dizem 'Mãe, se arrumar um lugar assim para eu ir, eu quero'. E eu tenho meu sonho que apareça esse lugar, né?”, espera a mãe.

Quem procura atendimento é enviado pela Prefeitura de Itajuípe a outros municípios. Em Minas Gerais, o pintor Cléber teve de viajar para conseguir tratamento em Montes Claros. Ficou lá por nove meses, mas não conseguiu acabar com a dependência. “Perdi minha identidade própria, respeito da sociedade”, lamenta.

“O crack é seguramente uma das drogas mais agressivas que a gente conhece. As cidades pequenas, via de regra, estão menos aparelhadas para lidar com um problema que demanda uma atitude multifatorial para dar conta do problema”, diz o professor Unifesp Dartiu Xavier da Silveira.

Estrutura nem sempre é suficiente. São Paulo, a maior cidade do Brasil, centro financeiro do país, sofre há anos para combater o tráfico e acabar com a cracolândia. “Temos mais de mil vagas de internação na cidade, programas especializados, mesmo com isso, o trabalho é muito lento. As pessoas não aderem ao tratamento e depois interrompem o tratamento”, explica Januario Montone, secretário municipal de Saúde de São Paulo.

O Governo Federal vai lançar nos próximos dias um plano de combate ao crack. Serão criados consultórios de rua, que funcionarão como postos móveis de atendimento a dependentes químicos. Também haverá recursos para o treinamento de equipes e de prevenção.

“Se nós capacitarmos um educador para lidar com essa questão no início, no possível início de consumo, certamente esse aluno não vai chegar em condição de internamento”, alega Paulina Duarte, secretária nacional de políticas sobre drogas.

O município de Cachoeirinha, no Rio Grande do Sul, é um exemplo de sucesso no combate ao crack. O próprio prefeito, Luiz Vicente Pires, foi dependente da droga: “Eu usava para dormir e acordava para usar”, revela

A cidade criou um centro de tratamento há dez anos. Resultado: o total de roubos e furtos em Cachoeirinha caiu 25% desde 2007. No local, 250 pessoas se livraram do crack.

“Isso vai servindo para que um se espelhe no outro. Se aquele menino conseguiu, eu posso também. E todos podem. Não existe ninguém que seja irrecuperável”, destaca Tomazeski Coimbra, coordenador do centro.
Fonte: Matéria exibida no Fantástico, em 20/11/11. Link: http://fantastico.globo.com/Jornalismo/FANT/0,,MUL1676800-15605,00.html

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

CURSO ONLINE GRATUITO SOBRE DROGAS

Olá!!
Hoje estou aqui para dar uma super dica para pais de crianças e adolescentes que preocupam-se com o número crescente de dependentes química nesta faixa etária.

Trata-se de um curso virtual de prevenção ao uso de drogas para pais, totalmente gratuito. Sabendo que hoje, cada vez mais, as drogas estão muito mais próximas e acessíveis é necessário um maior entendimento de seus sinais e sintomas por parte da sociedade com o objetivo de prevenir a instalação de problemas maiores. Durante o curso, os pais terão acesso a uma série de capítulos de aprendizagem interativa, que fornecerão dados importantes sobre a prevenção do abuso de drogas e como esses dados poderão ser utilizados no cotidiano das famílias.. O objetivo principal do curso é permitir que os pais possam proteger melhor seus filhos do mundo das drogas, oferecendo sugestões e conselhos práticos sobre como conversar com eles .

Recomendo fortemente este link.
http://www.paisconectados.org/paisconectados.html

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

A LEGALIDADE DA INTERNAÇÃO COMPULSÓRIA PARA DEPENDENTE QUÍMICO

Olá,
Gente, tenho recebido alguns e-mails pedindo informações e até mesmo questionando a questão da internação involuntária ou compulsória para dependentes químicos. A maioria das dúvidas, refere-se a questão da legalidade deste tipo de procedimento. Realizei várias pesquisas para poder trazer uma informação segura, que possa ajudar a família no processo de tomada de decisão. Nas minhas buscas, encontrei o excelente texto, que a seguir, reproduzo na íntegra.

O tema tem sido debatido por vários segmentos da sociedade, os ativistas de direitos humanos sustentam que a internação compulsória fere cláusula pétrea, o direito à liberdade do cidadão, consagrado no artigo 5º, da Constituição Federal.
Por sua vez, os médicos sustentam que internar uma pessoa contra a sua vontade caracterizaria crime, denominado como cárcere privado.
A meu ver, as duas correntes acima estão equivocadas, o princípio constitucional que deve ser protegido pelo Estado é o direito à vida, a mais importante das cláusulas pétreas, o maior bem que um ser humano possui. No caso específico dos dependentes químicos, em razão da dependência às drogas, em sua maioria os usuários perdem o discernimento, não mais conseguem decidir o rumo de sua vida. É de conhecimento público que o uso contínuo de drogas causa a morte do usuário, assim, acredito que caracterizada esta situação é dever do Estado interferir na vida daquele cidadão e determinar sua internação para tratamento, o poder público tem o dever de salvar a vida daquele cidadão e devolver-lhe a dignidade, sua cidadania.
Algumas pessoas têm defendido a tese da criação de uma legislação que autorize o poder público efetuar a internação compulsória de dependentes químicos para tratamento.
Totalmente desnecessário, o ordenamento jurídico brasileiro possui o Decreto-Lei 891, de 25 de novembro de 1938, em plena vigência, que regulamenta a fiscalização de entorpecentes, legislação que reconhece que o usuário de drogas é doente, que é proibido tratá-lo em domicílio e cria e regulamenta a figura da internação obrigatória de dependentes químicos, quando provada a necessidade de tratamento adequado ao enfermo ou quando for conveniente à ordem pública.
Para liquidar a questão, transcrevemos os artigos 27, 28 e 29, da referida legislação, in verbis: “Artigo 27. A toxicomania ou a intoxicação habitual, por substâncias entorpecentes, é considerada doença de notificação compulsória, em caráter reservado, à autoridade sanitária local.”
“Art. 28. Não é permitido o tratamento de toxicômanos em domicílio.”
“Art. 29. Os toxicômanos ou os intoxicados habituais, por entorpecentes, por inebriantes em geral ou bebidas alcoólicas, são passíveis de internação obrigatória ou facultativa por tempo determinado ou não.
§1º. A internação obrigatória se dará, nos casos de toxicomania por entorpecentes ou nos outros casos, quando provada à necessidade de tratamento adequado ao enfermo, ou for conveniente à ordem pública. Essa internação se verificará mediante representação da autoridade policial ou a requerimento do Ministério Público, só se tornando efetiva após decisão judicial.”
Quando se tratar de usuário menor de idade, a internação deverá ser requerida judicialmente pelo Ministério Público, como medida protetiva à criança ou adolescente, sempre utilizando como base legal o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/90).
Todavia, infelizmente, no caso da Cidade de São Paulo, não há vagas suficientes nos estabelecimentos públicos adequados ao tratamento de dependentes químicos, nas redes do serviço de saúde pública estadual e municipal.
Os órgãos públicos da área de saúde têm obrigação legal de incrementar programas públicos de atendimento aos usuários e dependentes de drogas, todavia, é incontestável a negligência do poder público nesta obrigação. O Estado deveria investir de forma direta na criação de clínicas públicas para tratamento de dependentes químicos e de forma indireta na destinação de recursos às entidades da sociedade civil, sem fim lucrativo, que atuem neste seguimento.
Por fim, entendo que a internação compulsória dos dependentes químicos é totalmente legal, não fere direitos fundamentais do usuário, na verdade busca preservar e resgatar a dignidade destes cidadãos desprezados pela sociedade e esquecidos pelo poder público.

Fonte: http://www.conjur.com.br/2011-ago-05/internacao-compulsoria-dependentes-quimicos-constitucional  Escrito Por Arles Gonçalves Junior Advogado, Presidente da Comissão de Segurança Pública da OABSP e Consultor Jurídico do Programa Questão de Justiça. Revista Consultor Jurídico, 5 de agosto de 2011

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

CLÍNICA PARA TRATAMENTO DE DEPENDÊNCIA QUÍMICA

Olá!! Várias pessoas tem escrito para o e-mail do blog pedindo indicações sobre clínica para tratamento da dependência química. Bom, não tenho o hábito de indicar clínicas por não conhecer a fundo o trabalho e por não confiar na seriedade de tratamento. Contudo, como o pedido de indicação tem sido grande, busquei informações e seguramente indico o tratamento desta clínica

A Clínica UP LIFE oferece tratamento especializado em dependência química e transtornos decorrentes. O período de tratamento é de 6 meses e opera com capacidade máxima de 40 leitos. Fica localizada na cidade de São Roque em um chácara com área de 10.000m2, sendo 5.000m2 de mata atlantica nativa, com bosque, árvores frutíferas, muitos pássaros, esquilos. A casa onde o tratamento é oferecido possui cerca de 500m2, com quatro dormitórios amplos, sendo 2 suítes, 3 banheiros, enfermaria, consultorio, sala de reuniões, sala de convívio/TV, refeitório, cozinha. Os quartos são coletivos, com camas padronizadas e colchões impermeáveis. Os armários são individuais e com cadeado para maior privacidade. Como lazer a clínica oferece piscina, mini campo de futebol, área de atividades que incluí mesa de ping-pong, futebol de botão, jogos de tabuleiro e área de musculação. A base do tratamento é o programa de 12 passos de Narcóticos Anônimos, no entanto, a Clínica UP LIFE possui tratamento multidisciplinar e conta com tratamento psiquiátrico (inclusive com desintoxicação medicamentosa), psicólogo, terapêuta, enfermagem diária, conselheiro, coordenador, monitores, orientador físico e nutricionista. A clínica esta completamente regularizada e possui registro junto a Vigilância Sanitária. A Clínica trabalha com internação Voluntária e Involuntária e possui equipe para transporte especializado/ remoção. Com relação a valores somente entrando em contato através do telefone 11 4714-1079 ou plantão 24 horas 11 7797-7969 Nextel 55*114*21742. http://www.clinicauplife.com.br/
Bom, espero que possa ajudar

terça-feira, 13 de setembro de 2011

TRATAMENTO A FORÇA FUNCIONA???

É comum o dependente pedir desesperadamente o auxílio da família e horas depois se negar a aceitar qualquer ajuda. Outras vezes, a família percebe a gravidade do problema, mas o dependente não tem a mesma opinião: não vê problema nenhum. Qual a solução? O tratamento dependente exclusivamente da vontade do paciente? O tratamento forçado resolve?

Em nossa rotina clínica freqüentemente nos deparamos com situações de procura por tratamento por imposição de outras pessoas:
tratamento compulsório por determinação judicial;
por imposição dos pais, filhos ou parceiro;
por pressão do patrão ("ou o tratamento, ou a demissão");
por imposição do médico de uma outra especialidade.
internação forçada após um episódio de agitação extrema.

Qual o valor disso? Em primeiro é bom dizer que, de fato, a colaboração do paciente é fundamental. Nada vai acontecer se o indivíduo não estiver afim. Mas três situações ligadas à dependência química precisam ser investigadas antes apresentarmos algumas conclusões:

1. A
motivação para a mudança no dependente é variável. As fases motivacionais vão da negação total da doença até o mais árduo esforço pela conquista de um novo modo de vida, sem drogas. A motivação pode ser influenciada, estimulada. O tratamento pode ser o momento propício para isso ocorrer. Mas o esforço para motivar não se resume ao tratamento. Deve envolver o maior número de pessoas possível, em especial a família.
2. Pessoas que estão em tratamento sempre melhoram. Há uma infinidade de técnicas ou linhas de tratamento. Todas perecem produzir resultados bastante semelhantes. Mas independentemente da linha escolhida, os estudos são unânimes em afirmar que a permanência no tratamento sempre melhora a vida do dependente e daqueles que o cercam.

3. O dependente perdeu a liberdade de escolha. Este é o ponto central de qualquer transtorno psiquiátrico. A incapacidade de um indivíduo de escolher alguma coisa diferente do que faz atualmente. O dependente não consegue mais escolher entre o consumo e a abstinência. A vontade de usar é sempre maior e se sobrepõe a coisas que antes eram importantes para o indivíduo (emprego, convívio com os amigos e parentes, respeito às normas). Desse modo, não é tão simples assim ouvir da pessoa "não vou me tratar" e nada mais acontece. É chegada a hora de refletir e pedir auxílio profissional, por mais que ele comece apenas com a presença da família.
Força aí!

vários motivos que estimulam o indivíduo a procurar ajuda e desejar a mudança. Sentir que a família o pressiona ao tratamento, a chegada de prejuízos sociais (possível perda do emprego, condenação por contravenções penais, perdas afetivas) e clínicos são alguns deles. O tratamento forçado pode ser eficaz. Muitos pacientes que chegam para o tratamento por 'livre e espontânea pressão' acabam percebendo que a abstinência lhes traz ganhos muito maiores que os tinham quando usavam drogas.

Fonte: Texto Parcial extraído do
Site Álcool e Drogas sem Distorção (www.einstein.br/alcooledrogas) / NEAD - Núcleo Einstein de Álcool e Drogas do Hospital Israelita Albert Einstein

terça-feira, 16 de agosto de 2011

A DEPENDÊNCIA É UMA DOENÇA OU UMA OPÇÃO?

Um filósofo muito importante afirmou certa vez: "o homem está condenado a ser livre." Ele quis dizer que o homem é naturalmente livre, mas essa liberdade o condena a tomar decisões, fazer escolhas, opções pelo resto da vida. Quanto mais escolhas fazemos e nos responsabilizamos por elas, mais livres seremos. Quando mais culpamos os outros por nossas escolhas erradas, menos autônomos e mais dependentes do outro ficamos.

Essa pergunta traz para perto a Filosofia e a Medicina e mostra como a dependência de drogas pode ser objeto dos mais variados campos do conhecimento.

Aqueles que decidem consumir uma droga estão fazendo uma opção, uma escolha. É claro que muitos fatores contribuíram para que tal escolha se desse (as angústias da vida, a simples curiosidade, a influência de amigos, a vontade de buscar um jeito novo de divertir...). Mas, a escolha, no final, foi da pessoa.

Continuar usando drogas também é uma opção, mas cada vez menos... Isso porque o organismo vai se adaptando à presença da droga. Vai havendo modificações no cérebro. Quando o indivíduo fica sem a droga, passa a se sentir muito mal, desconfortável, irritado, deprimido, ansioso. O dependente acha que o único alívio possível é a continuidade do consumo. Conforme a dependência vai se instalando, a pessoa passa a abrir mão de coisas que antes eram muito importantes para ela. É o momento em que aparecem as brigas e discussões com a família, a piora no desempenho escolar, a venda de objetos para comprar drogas. Tudo passa a girar em torno do consumo de drogas.
A partir desse ponto, o indivíduo não consegue mais ficar sem usar drogas. Não há mais OPÇÃO: o indivíduo não escolhe se vai usar drogas ou não. A doença lhe tirou essa liberdade. QUALQUER DOENÇA PSÍQUICA CONSISTE ACIMA DE TUDO NA PERDA DA LIBERDADE DE ESCOLHA. Portanto, a dependência não é uma opção. É uma condição patológica (uma doença) que tira a liberdade do indivíduo de optar!
Perceber a presença da doença e se responsabilizar pelo tratamento é o primeiro passo em direção à recuperação. É preciso escolher a mudança e buscar ajuda para efetiva-la. Não resolve olhar o passado para achar um culpado. Deve-se pensar no futuro! Não existem culpados pela situação. Mas pode haver pessoas comprometidas com o processo de cura (o próprio dependente, sua família, os amigos, os profissionais da saúde). Afinal, se temos que estar condenados a alguma coisa nesse mundo, que seja apenas à liberdade!

Fonte: Site Álcool e Drogas sem Distorção (www.einstein.br/alcooledrogas) / NEAD - Núcleo Einstein de Álcool e Drogas do Hospital Israelita Albert Einstein

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

POR DIA, 21 JOVENS SÃO INTERNADOS POR USO DE ÁLCOOL E DROGA

A porta de entrada para a dependência química no Brasil acontece aos 13 anos. O início do consumo exagerado de entorpecentes acarreta outra estatística precoce à saúde do adolescente brasileiro. Segunda dados nacionais, entre janeiro e maio deste ano, todos os dias, 21 pessoas com menos de 19 anos foram internadas por transtornos mentais acarretados pelo abuso de álcool e drogas.
O levantamento, feito pelo iG Saúde no banco virtual de dados do Ministério da Saúde, mostra que este tipo de internação é crescente no País. Em dois anos, foi registrado um aumento de 29,5% nestas hospitalizações, passando de 2.426 casos nos primeiros cinco meses de 2009 para 3.142 registros em 2011. Os meninos são maioria com 75,6%, e a faixa etária mais vulnerável é a entre 15 e 19 anos.
Na tentativa de mudar o curso da dependência precoce brasileira, a prefeitura do Rio de Janeiro e o governo de São Paulo lançaram dois planos de ação que mudam a abordagem de ação governamental.
No Estado paulista, o governo encaminhou nesta segunda-feira (1/8), um projeto de lei à Assembleia Legislativa – que ainda precisa ser aprovado pelos deputados para entrar em vigor – para aumentar o rigor de fiscalização em bares, restaurantes e outros tipos de comércios que vendem bebida alcoólica a menores de 18 anos. Pelo texto sugerido, o estabelecimento infrator pode receber multas de até R$ 87,2 mil, além de interdição por 30 dias e fechamento definitivo das portas.
Já no município carioca, a Secretaria Municipal de Assistência Social, desde maio, tem aval para internar adolescentes e crianças em situação de rua que são usuários crônicos de drogas, mesmo contra a vontade deles. Desde que o programa foi instalado, 94 meninos foram internados no regime de internação chamado de compulsório.


O consumo de álcool é cem vezes maior do que o crack
Para Elisaldo Carilini, coordenador do Centro Brasileiro de Informações Sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), da Unifesp, a escolha de São Paulo para brigar contra o consumo de álcool é acertada.
“Não há dúvidas de que as bebidas alcoólicas são o principal problema de saúde pública na dependência química juvenil”, afirma.
Para justificar a afirmação veemente, Carlini recorre aos mais recentes dados – ainda não publicados – da pesquisa nacional feita pelo Cebrid, que colheu informações de 108 mil estudantes de escolas públicas e privadas de todo País: enquanto 60,5% dos pesquisados afirmaram já ter usado álcool na vida, 0,6% disseram ter experimentado crack.
“É uma diferença comparativa de quase cem vezes entre crack e álcool. Para começar a reverter estes números absurdos é preciso que o comerciante e a pessoa que frequenta o bar participe deste processo”, diz o pesquisador.
“O comerciante não vendendo a pinga ou cerveja ao menor de idade e, caso o faça, tendo a noção e a sensação de que será punido. E o frequentador do bar, contribui denunciando o estabelecimento caso testemunhe a venda inadequada.”


Cérebros auxiliares na tomada de decisão
O psiquiatra da Associação Brasileira de Estudo do Álcool e Outras Drogas (Abead), Sérgio de Paula Ramos, concorda que a punição mais severa aos comerciantes de São Paulo pode contribuir para reverter o curso da dependência instalada antes dos 18 anos.
“A neurociência já demonstrou que o cérebro demora 21 anos para amadurecer plenamente. A última parte a ficar pronta é a que controla a impulsividade”, diz Ramos.
“O beber precoce detona o percurso de amadurecimento cerebral. Se a pessoa tem o primeiro contato com o álcool aos 21 anos, o risco de tornar-se alcoolista é de 9%. Se o início é aos 13 de idade – a média de início ao acesso dos brasileiros ao álcool, conforme atestou uma pesquisa do Ibope feita no ano passado – a chance de virar um dependente é ampliada para 50%”, diz.
Para o pesquisador da Abead a internação compulsória dos que desenvolvem esta dependência – aos moldes do programa já em curso no Rio de Janeiro – é outra medida consistente.
“É preciso que o jovem conte com cérebros auxiliares já maduros, como o dos seus pais, professores, profissionais de saúde", acredita Ramos.
"O recurso (da internação involuntária) é importante, pois facilita a ação do médico com este dependente. Hoje, para internar a pessoa dependente crônica é preciso aprovação do juiz. Tenho 37 anos de experiência com dependentes químicos e, até hoje, nunca recebi uma negativa judicial. Autorizar este trabalho do médico é facilitar o caminho.”


Trabalho em rede
Seja com o consentimento ou não do dependente, os médicos e estudiosos da dependência química não discordam que a internação é a última alternativa no tratamento médico, que é preciso existir uma rede de ambulatórios que dê conta de atender os casos menos graves e que uma fiscalização efetiva do exercícios dos profissionais de saúde coibiria abusos de hospitalizações desnecessárias.
Para o Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, é preciso mais do que apenas ampliar o número de serviços voltados ao usuário de álcool e drogas, seja ele de qualquer idade. Em entrevista ao iG, ele diz que atualmente “o tratamento da dependência química é uma dúvida no mundo todo. Todos os protocolos de tratamento, sejam farmacológicos ou não têm uma taxa relativa baixa de sucesso.”
“Acabamos de conversar sobre as novas diretrizes da política de enfrentamento de álcool e drogas. Temos de reorganizar os serviços de saúde para enfrentar essa situação. Precisamos ter uma rede que tenha serviços diferentes para situações diferentes. Qualquer proposta de organização do serviço que proponha um enfrentamento único está fadada ao fracasso.”
Por Fernanda Aranda, com colaboração de Leoleli Camargo e Priscilla Borges em http://saude.ig.com.br/minhasaude/por+dia+21+jovens+sao+internados+por+uso+de+alcool+e+droga/n1597111606737.html

Opinião do Blog Drogas: Preciso de Ajuda!!!
Acredito que toda tentativa de provomover o tratamento da dependência, seja ela de álcool ou droga, é válida. Contudo, na matéria apresentada sobre o enfrentamento do problema não foi abordado o tema principal: FATORES DE PROTEÇÃO. Fala-se em "repressão" no ponto de venda, mas não se discute soluções sobre a falta de alternativas para o jovem. As políticas públicas de enfrentamento da dependência química, somente serão viáveis, ao longo prazo, se as ações preventivas para as novas gerações forem efetivas. É necessário um investimento massiço em educação de qualidade, lazer, esportes e cultura, pois somente desta forma nossas crianças, adolescentes e jovens terão uma alternativa aos bares e pontos de venda de drogas.

terça-feira, 26 de julho de 2011

CONCEITO DE DEPENDÊNCIA QUÍMICA

Apesar de existir uma enorme variedade de explicações teóricas para as causas da dependência de álcool, nicotina e outras drogas, há um conceito unânime: dependência é uma relação alterada entre um indivíduo e seu modo de consumir uma substância. Essa relação alterada é capaz de trazer problemas para o seu usuário. Muitos indivíduos, porém, não apresentam problemas relacionados ao seu consumo. Outros apresentam problemas, mas não podem ser considerados dependentes. Por último, mesmo entre os dependentes, há diferentes níveis de gravidade.

Não é preciso ser dependente para ter problemas Portanto, buscar um conceito sobre dependência a substâncias psicoativas não se completa pela constatação de sua presença ou ausência. Mais do que saber se ela está lá, é preciso identificar e determinar seu grau de desenvolvimento. Além disso, é preciso entender como os sintomas observados são moldados pela personalidade dos indivíduos e pelas influências sócio-culturais.

O conceito atual dos transtornos relacionados ao uso de álcool e outras drogas rejeitou a idéia da existência apenas do dependente e do não-dependente. Existem, ao invés disso, padrões individuais de consumo que variam de intensidade e gravidade .

Não existe um consumo absolutamente isento de riscos. Quando este é comedido e cercado de precauções preventivas, é denominado consumo de baixo risco. Quando o indivíduo apresenta problemas sociais (brigas, faltas no emprego), físicos (acidentes) e psicológicos (heteroagressividade) relacionados estritamente àquele episódio de consumo, diz-se que tais indivíduos fazem uso nocivo da substância. Por fim, quando o consumo se mostra compulsivo e destinado à evitação de sintomas de abstinência e cuja intensidade é capaz de ocasionar problemas sociais, físicos e ou psicológicos, fala-se em dependência.

Critérios diagnósticos de uso nocivoSegundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), uso nocivo é "um padrão de uso de substâncias psicoativas que está causando dano à saúde", podendo ser esse de natureza física ou mental. A intoxicação aguda ou 'ressaca', dependendo de sua intensidade, por si só, não é considerada dano à saúde. A presença da síndrome de abstinência ou de transtornos mentais relacionados ao consumo (p.e. demência alcoólica) exclui esse diagnóstico.

Critérios diagnósticos da dependênciaA dependência possui sinais e sintomas específicos. Portanto não se fala em intuição, tampouco em achismos quando se identifica alguém com problemas de dependência. De modo geral, há alguma perda do controle sobre o uso, associado com sintomas de abstinência e tolerância. Para evitar o surgimento de tais sintomas, os usuários passam a consumir a substância constantemente e a privilegiar o consumo a outras coisas que antes valorizava.

Site Álcool e Drogas sem Distorção (www.einstein.br/alcooledrogas) / NEAD - Núcleo Einstein de Álcool e Drogas do Hospital Israelita Albert Einstein

quinta-feira, 21 de julho de 2011

O QUE PODE ATRAPALHAR A PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NO PROCESSO DE RECUPERAÇÃO

Alguns problemas aparecem no momento em que a família resolve participar do tratamento:

1. O dependente sabe mais sobre drogas do que a família. A família é pouco informada sobre a questão das drogas, em especial as drogas proibidas (ilícitas). A pouca informação que a família possui vem dos meios de comunicação e de outras pessoas. Geralmente são distorcidas e sensacionalistas. O assunto é tratado de modo assustador. As drogas são apresentadas como algo demoníaco. Isso deixa os pais e filhos longe de um entendimento. Cria-se um clima de guerra, tudo é muito terrível e ameaçador. A família deve se informar primeiro! Além disso, não deve ter medo de dizer ao dependente que não entende do assunto. Afirmar algo sem sabe o que se está dizendo, aumenta ainda mais a distância e a chances de diálogo.

2. A família fica sem saber qual a sua função. As drogas provocam mudanças importantes na vida familiar. Pais estão acostumados a serem os mentores dos filhos. De repente os filhos entram num campo desconhecido. Passam saber que coisas que os pais não tem a mínima noção. Quando o dependente é um dos pais, os filhos vêem-se em uma situação igualmente confusa: como interferir na vida daquele que os criou e ensinou como as coisas deveriam ser? Sem saber o que fazer com sua autoridade (abalada), muitos optam pelo autoritarismo. Isso só deixa o relacionamento ainda mais deteriorado.

3. A família já tinha problemas muito antes da droga aparecer. Famílias com problemas podem se constituir num fator de risco para o aparecimento do consumo abusivo de drogas entre seus membros. Não que a desestrutura seja a única causa ou a causa mais importante, mas pode contribuir. Desse modo, o tratamento da dependência passa pela avaliação da família e pela necessidade de seus membros também procurarem orientação e tratamento. Estudos mostram que vítimas de maus tratos, a presença de consumo problemático de drogas entre os mais velhos, violência, ausência de rotina familiar e a dificuldade dos pais em colocar limites nos filhos aumenta o risco do surgimento de dependência entre os seus membros. Desse modo, a cura passa a ser responsabilidade não só de dependente, mas de todos que o cercam.

4 . A família culpa o dependente ou se culpa. Apontar culpa é exercer um julgamento. O veredito de um julgamento é uma conclusão. Não precisa ser interpretado, entendido. Deve ser cumprido e pronto. Não há mais o que fazer... Esse é um grande erro que a família comete. Se os pais ou os filhos se culpam ou culpam alguém pelo que fizeram ou deixaram de fazer no passado acabou-se a possibilidade de seguir adiante. Ninguém tem culpa da situação, mas todos podem assumir responsabilidades para solucionar o problema! A presença desse espírito por parte de todos durante do tratamento melhora as chances de recuperação do dependente. Além disso é uma grande oportunidade para sanar as dores e os ressentimentos que se acumularam debaixo do tapete e que agora, apesar de volumosas, ninguém quer ver.
5. Falta uma figura neutra. Por tudo o que já foi dito anteriormente, a análise do problema pela família e pelo dependente encontra-se distorcida. Muitas vezes pais e filhos (não importando quem seja o dependente) confundem a inabilidade de ambos em lidar com o problema, com as dores e ressentimentos que rolaram no passado. Qualquer família erra, deixa de fazer ou mesmo traumatiza seus membros. Por outro lado também lhe dá habilidades e compensações para minimizar ou superar essas perdas. Esse não é um caminho frutífero. Se a conversa não é mais possível, ou se só é possível dessa maneira, é sinal que chegou a hora de buscar uma figura neutra. Ela pode ser o profissional capacitado, que se incumbirá de dar o tom do tratamento e ouvirá os dois lados. Antes de chegar ao tratamento, outras figuras neutras importantes podem ser evocadas para facilitar o processo: um tio respeitado por todos, um amigo, o líder da comunidade, o padre, o pastor, enfim pessoas que gozem da confiança de todos os membros da família.

"Errar, errar de novo, errar melhor"A família no tratamento significa buscar um novo elo entre os seus membros. Um novo casamento, uma nova criação dos filhos, uma nova imagem do pai e da mãe. O caminho novo a seguir é incerto e por isso sujeito a erros. Muitos erros surgirão. Impossível não errar dentro de uma situação tão complexa como essa. Aliás só não cometem erros aqueles que nada tentam... A todo instante tais erros precisam ser conversados, discutidos a fundo entre os membros a equipe profissional que os assiste. Tratar o dependente não se resume à busca pela abstinência. É também a construção de um novo estilo de vida. Para o dependente e para a família.

Site Álcool e Drogas sem Distorção (www.einstein.br/alcooledrogas) / NEAD - Núcleo Einstein de Álcool e Drogas do Hospital Israelita Albert Einstein

quarta-feira, 13 de julho de 2011

FAMILIA: QUAL A IMPORTÂNCIA NO TRATAMENTO?

A família é fundamental para o sucesso do tratamento da dependência química. Pensar que tudo se resolverá a partir de uma internação ou após algumas consultas médicas é uma armadilha que não polpa a mais sincera tentativa de tratamento.

A dependência é um problema que se estruturou aos poucos na vida da pessoa. Muitas vezes, levou anos para aparecer. Muitas coisas foram afetadas: o desempenho escolar, a eficiência no trabalho, a qualidade dos relacionamentos, o apoio da família, a confiança do patrão, o respeito dos empregados. Como esperar, então, que algo presente na vida de alguém há tempo e que lhe trouxe tantos comprometimentos desapareça de repente? Quem decide começar um tratamento se depara com os sintomas de desconforto da falta da droga e, além disso, com um futuro prejudicado pela falta de suporte, que o indivíduo perdeu ou deixou de adquirir ao longo da sua história de dependência.

Porque a família é importante para o tratamentoTodos podem ajudar: o patrão, os amigos, os vizinhos, mas o suporte maior deve vir da família. As chances de sucesso do tratamento pioram muito quando a família não está por perto. Veja porque a família é tão importante:

1. O dependente muitas vezes não tem a noção completa da gravidade do seu estado. Por mais que deseje o tratamento, acha que as coisas serão mais fáceis do que imagina. Por conta disso, se expõe a situações de risco que podem leva-lo de volta ao consumo.

2. O dependente sente a necessidade de 'se testar', expondo-se a situações de risco para ver se seu esforço está valendo a pena. A família deve ajuda-lo estabelecendo com o dependente regras que ajudem a afasta-lo da recaída. Todo o tratamento começa com um mapeamento dos fatores e locais de risco de recaída. A família deve ajudar o dependente a evitar esses locais. Isso não deve ser feito de modo policial. Não se trata de fiscalizar. Trata-se, sim, de chamá-lo à reflexão e a responsabilidade sempre que esse, sem perceber ou se testar se expuser ao risco da recaída.

3. O dependente sente dificuldades em organizar novas rotinas para sua vida sem as drogas. O dependente de drogas precisa de apoio para superar as dificuldades e estabelecer um novo modo de vida sem drogas. Vários fatores interferem nessa tarefa. A pessoa pode estar fora do mercado de trabalho há muitos anos, desatualizada e sem contatos que lhe proporcionem voltar em curto prazo. Pode ter saído da escola muito jovem e agora está pouco qualificado para um bom emprego. Há dificuldade em se relacionar com as pessoas, agüentar as frustrações, saber esperar a hora certa para tomar a melhor atitude. A autocrítica do dependente por vezes é dura consigo mesmo. Deixa um clima depressivo e de fracasso no ar. Isso pode fazer com que os planos para o tratamento sejam deixados de lado.

4. A família no tratamento mostra que o diálogo ainda existe. A rotina da dependência química traz ressentimentos para todos. Muita roupa suja vai ser lavada. No entanto, é preciso entender que se trata de uma doença. Em um primeiro momento a motivação do dependente para a mudança e do apoio da família para mantê-lo motivado são importantíssimos. Isso demonstra que a família ainda é capaz de se unir, conversar e resolver seus problemas. Quando o momento de ir para o tanque chegar, todos estarão fortalecidos e o assunto será tratado com mais ponderação e menos emoção.
Fonte: Site Álcool e Drogas sem Distorção (www.einstein.br/alcooledrogas) / NEAD - Núcleo Einstein de Álcool e Drogas do Hospital Israelita Albert Einstein

domingo, 26 de junho de 2011

RELAÇÃO DE LUGARES ONDE BUSCAR AJUDA

Hoje passei apenas para dar algumas dicas de onde a família e o dependente químico podem buscar informações e também ajuda. Espero que ajude!

·         Central de Atendimento Viva Voz
Fone: 0800-5100015

·         Centros de Atenção Psicossocial – CAPS
Disque saúde: 0800-611997

·         Obid – Observatório brasileiro de informações sobre drogas

·         Alcoólicos Anônimos
Central de atendimento 24hrs: (11) 3315-9333

·         Narcóticos Anônimos

·         Al-anon (Grupo para familiares e amigos de alcoolistas)

·         Nar-anon (Grupo para familiares e amigos de usuários de drogas)

·         Amor Exigente

segunda-feira, 20 de junho de 2011

CRYSTAL METH - NOVA AMEAÇA??

Uma nova droga ganha força no Nordeste do Brasil, o Crystal Meth, Cristal da Morte ou Ice é 60 vezes mais forte que a cocaína e tem um poder devastador por natureza. Essa nova droga pode ser encontrada em várias capitais nordestinas, como Maceió (AL), Fortaleza (CE), João Pessoa (PB) e Recife (PE) e está se espalhando pela região, ganhando um número cada vez maior de usuários.

Os efeitos imediatos do Cristal da Morte são a euforia e aumento do desejo sexual, mas depois pode causar inúmeros transtornos. A destruição física é visível e o entorpecente derivado da methamphetamine e da merla já é uma das maiores preocupações de autoridades internacionais e uma epidemia nos Estados Unidos, onde mata cerca de 300 mil pessoas por ano e tem em torno de 2 milhões de viciados, sendo que 15 milhões de norte-americanos já usaram o entorpecente.

A droga pode ser usada de várias formas: fumada como o crack, inalada como a cocaína, injetada e ingerida em cápsulas. O uso do Meth produz a liberação de altas doses de dopamina no cérebro. Pânico, alucinação, convulsões, falta de apetite, corrosão dos dentes e gengivas são alguns dos aspectos de destruição física e psicológica gerada pelo seu uso.

No Nordeste, o Ice pode estar sendo trazido diretamente dos Estados Unidos e o ponto de distribuição da droga nas bocas de fumo e cracolândias da região pode estar sendo feito a partir do Recife. Se levarmos em consideração o histórico do tráfico de drogas no Brasil, muito em breve o Cristal da Morte pode se tornar um desafio ainda maior que o crack e o óxi.

Raves – Em festas chamadas raves, nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro o Metch já foi apreendido e isso deveria deixar as autoridades brasileiras em alerta, mas como estamos no país da impunidade e da desordem, ter projetos que combatam ou amenizem os problemas gerados pelo tráfico é uma questão de longo prazo.

Cristal na rede – A droga já tem comunidades no Orkut onde os membros exaltam a novidade, muitos procuram pontos de venda e como usar a nova droga. É possível até, saber o modo mais fácil de consumir o methamphetamine e a maneira que ele age com maior rapidez.

Créditos aos Jornalistas Kaio Diniz e Vanderson Freizer – Grupo UN

domingo, 12 de junho de 2011

MACONHA - A PORTA DE ENTRADA PARA OUTRAS DROGAS

Bom, hoje vou dar continuidade aos tipos de drogas mais utilizados. A maconha é a droga mais popular entre os adolescentes e normalmente é a primeira a ser experimentada. É barata e fácil de ser encontrada. E infelizmente, costuma ser a porta de entrada para outras drogas. Causa leva dependência e seu uso constante gera tolerância e leva a padrões de consumo cada vez maiores. Os sintomas da abstinência podem incluir irritabilidade, insônia, sudorese, náuseas e vômitos.

O QUE É MACONHA
É obtida a partir das flores e folhas secas da planta CANNABIS SATIVA, também conhecida como Cânhamo verdadeiro. Essas flores e folhas são prensadas e vendidas com uma espécie de fumo. Contém várias substâncias que tem efeitos psicoativos, sendo que a mais conhecida é o delta-9-tetrahidrocanabinol (THC). A maior concentração desta substância está nas flores fêmeas não germinadas.  Popularmente a maconha também é chamada de baseado, erva, marola, camarão, taba, fumo, beck, bagana, bagulho, cahimbo da paz, capim seco, erva maldita, etc. 

FORMA DE USO
A forma comum de utilização é enrolar o “fumo” em papel, fazendo uma forma de cigarro. Outra forma, é a utilização de cachimbos.  Nestas duas formas de utilização a maconha é fumada. Existe ainda a possibilidade de ingestão de maconha. Uma forma conhecida é o “bolonha”, que nada mais é do que um bolo feito com maconha.

TEMPO DE DURAÇÃO
O tempo do efeito depende do modo como a maconha é utilizada. Se for fumada, o THC vai rapidamente para o cérebro e o efeito dura aproximadamente 3 horas, sendo que o pico ocorre em 30 minutos. Se for ingerido, o efeito demora mais para iniciar (cerca de 1 hora), mas dura aproximadamente 12 horas.

EFEITOS
Os efeitos, logo após fumar o cigarro de maconha, podem ser diferentes dependendo da quantidade de THC, mas basicamente são:
- euforia, sonolência, sentimento de felicidade
- risos espontâneos, sem motivo algum
- perda de noção do tempo, espaço, etc
- perda de coordenação motora, equilibrio, fala, etc
- aceleramento do coração (taquicardia)
- perda temporária de inteligência
- fome, olhos vermelhos, e outras características
Quando a quantidade de THC for mais alta, podem-se somar os efeitos:
- alucinações, ilusões
- ansiedade, angústia, pânico
- impotência sexual
Os efeitos a longo prazo são muito mais danosos:
- maior chance de desenvolver câncer de pulmão
- bronquites
- sistema imunológico fragilizado
- tosse crônica
- arritimia cardíaca
- existe ainda a possibilidade de desenvolvimento de surtos psicóticos e em casos mais graves, quando há predisposição, o desenvolvimento da esquizofrenia
- o uso crônico pode levar a estados depressivos, ansiedade e síndrome apática amotivacional.


quarta-feira, 1 de junho de 2011

DESCRIMINALIZAÇÃO DO USO DE DROGAS

Estes dias tenho lido e ouvido falar bastante sobre o documentário “Quebrando o Tabu” onde a questão da descriminalização do uso de drogas é discutido. Tenho lido muitas críticas negativas, mas também positivas e um monte de palpites e “achismos”.

Tenho observado os blocos se formando. De um lado os usuários (popularmente chamados de “maconheiros”) lutando pelo direito da liberação do uso da maconha, do outro a repressão (seja de manifestação, passeata ou opinião), que certamente não contribui para a discussão do assunto, afinal somos uma sociedade livre onde o direto a expressão faz parte do estado democrático em que vivemos.

O fato é que o assunto é muito polêmico e abre caminhos para uma série de discussões. No entanto, uma discussão saudável só é possível se as partes tiverem conhecimento e maturidade suficiente para expor suas idéias.

Não quero aqui formar ou induzir uma opinião, pois creio que esta é individual e deve ser formada a partir das experiências e conhecimento de cada indivíduo. No entanto, como membro consciente de uma sociedade livre e interessada em promover uma discussão produtiva sobre o tema, gostaria de trazer pontos negativos e positivos sobre a descriminalização como forma de contribuir para este debate.

Pontos Negativos:

- O modelo de descriminalização proposto é baseada na experiência vividas em países como Holanda, Suécia, Estados Unidos e Portugal. Todos, países considerado de 1º mundo, onde o amadurecimento cultural e social é muito superior ao que observamos no Brasil;
- O modelo de descriminalização pressupõe a existência de uma ampla rede de atendimento a usuários e dependentes químicos que desejam deixar o vício. Infelizmente no Brasil esta rede ainda é confusa e na maioria das vezes os usuários e/ou familiares não sabem a quem recorrer. É necessário estrutura a rede de maneira clara para permitir que o tratamento adequado seja oferecido.
- Falta de estudos conclusivos sobre os efeitos da maconha no organismo. Por um lado profissionais de saúde dizendo que o consumo de maconha é seguro e por outro lado profissionais que trabalham com dependência química que observam um número cada vez maior de jovens que desenvolvem quadros psicóticos em decorrência do consumo da maconha.

Pontos Positivos:

- O que é ilícito é mais atraente para o jovem. A descriminalização e regulamentação poderá reduzir a busca “curiosa” pela maconha;
- A venda controlada poderá reduzir a quantidade consumida, a exemplo que acontece em países como Portugal;
- A venda em pontos regulamentados poderá afastar os jovens da criminalidade;
- A venda controlada da maconha em pontos regulamentados poderá evitar contato com outras drogas, como a cocaína, crack e oxi.


Na realidade a discussão sobre a descriminalização pressupõe, antes de mais nada, uma melhor estruturação do sistema público de saúde. Neste ponto, infelizmente, esbarramos em problemas estruturais e, sobretudo, burocráticos e culturais. O sistema público de saúde brasileiro simplesmente não funciona. Hoje, vemos um sistema falido onde serviços básicos de atenção a saúde não são oferecidos ou são oferecidos de maneira inadequada.

A grande questão a ser discutida, como ponto inicial, é se o Brasil terá capacidade para reestruturar todo o sistema público de saúde, afim de, oferecer atendimento, tanto para a redução de danos, como também para o tratamento adequado aos usuários e dependentes químicos.

Não trata-se apenas na mudança legal/criminal do assunto, mas sim da capacidade de tratar o problema como uma questão de saúde pública.

É sabido que hoje, não existem leitos suficientes para a demanda de dependentes químicos que necessitam de tratamento. Minha opinião é que antes de promover a discussão sobre a descriminalização, o poder público deve encontrar um modelo de atendimento efetivo que possa oferecer tratamento, reabilitação e reinserção social aos dependentes.

Outro ponto a ser levantado é a questão do enfrentamento ao tráfico. É bastante claro que o modelo atual não funciona. A repressão ao tráfico não é efetiva e se não houver investimento na formação, treinamento e melhor remuneração do efetivo policial, a descriminalização não conseguirá reduzir os atuais níveis de criminalidade relacionados às drogas. Isso implica também num maior investimento em educação, cultura e lazer, sobretudo, para a população de renda mais baixa, que necessita de oportunidades para ascensão social e cultural.

Finalizo perguntando: Estamos, enquanto nação, preparados para promover mudanças tão profundas em nossa sociedade? Temos condição social, cultural e, principalmente, financeira para esta mudança? Estão, nossos governantes, aptos a promover tal mudança?

O fato é que esta discussão deve ser conduzida com cautela e a participação da população é fundamental, tanto para propor soluções, como para discutir idéias.